A energia de fusão nuclear tem o potencial de causar um impacto tão significativo quanto a revolução industrial, mas não promete retornos imediatos para os investidores. Isso é o que diz Phil Larochelle, socio da Breakthrough Energy Ventures, fundo de investimento criado por Bill Gates, voltado para inovações tecnológicas energéticas. O fundo também tem o apoio de outros bilionários, como Jeff Bezos, fundador da Amazon.
Segundo Larochelle, a fusão nuclear é uma tecnologia transformadora. Ela visa usar as reações que alimentam o sol para produzir energia em quantidade ilimitada sob demanda e sem emissão de carbono.
“Na cronologia da humanidade, passamos cerca de 300 anos queimando combustíveis fósseis e realizando reações químicas. Assim que construirmos os primeiros reatores de fusão, vamos aperfeiçoar essa tecnologia pelos próximos 10 milhões de anos”, afirmou.
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Projetos de energia para o Google
Antes de se juntar à Breakthrough Energy Ventures, Larochelle trabalhou em projetos de energia para o Google e acredita que os recentes avanços científicos na fusão nuclear e o desenvolvimento de startups nessa área são razões suficientes para que investidores como a Breakthrough apoiem essa tecnologia.
Até agora, o fundo investiu em quatro empresas de tecnologia de fusão.
Potencial da fusão nuclear
Larochelle ressaltou que, embora as pessoas estejam mais dispostas a acreditar no potencial da fusão nuclear, é preciso encarar o desafio de maneira pragmática e analisar o que precisa ser feito para viabilizar essa tecnologia.
A Breakthrough Energy Ventures, por exemplo, tem como regra investir em tecnologias de energia limpa que possam fornecer eletricidade por menos de 50 dólares por MWh.
“Representamos investidores de alto patrimônio líquido. Eles se preocupam com os retornos, mas também com o impacto ambiental. Se uma tecnologia for bem-sucedida, ela pode reduzir pelo menos 1% das emissões globais de gases de efeito estufa?”, questiona Larochelle.
Fusão nuclear provavelmente serão vistos na década de 2030
O sócio da Breakthrough acredita que os retornos reais dos investimentos em fusão nuclear provavelmente serão vistos na década de 2030. Ele considera que, para financiar o desenvolvimento da geração de energia de fusão e sua cadeia de suprimentos, será necessária uma colaboração inovadora entre capital privado e governos.
Apesar das dúvidas e incertezas, Larochelle afirma que a fusão nuclear será essencial para fornecer a energia necessária não só para a descarbonização do planeta, mas também para sustentar o crescimento econômico equitativo. “Hoje, a capacidade elétrica mundial é de cerca de 6 terawatts se quisermos que todos sejam tão prósperos quanto o Ocidente… precisaremos de 20 terawatts.
Se todos quiserem ser sustentáveis e prósperos, gostaríamos de ter a fusão nuclear como opção”, conclui.